quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Um pouco sobre ensino híbrido e sala de aula invertida




Fonte: https://www.colegioicj.com.br/ensino-hibrido/

Olá pessoal.

Chegamos em um PBL muito interessante, pelo menos no meu ponto de vista, que é o que aborda o ensino híbrido. Com base na sugestão de perguntas acerca da temática, tentaremos aqui responder aos questionamentos de forma simples e alicerçada em alguns autores que trabalham com a hibridização do ensino.

O ensino híbrido, como explicam Pasin e Delgado (2017), é uma das principais, e mais consolidadas, tendências metodológicas educacionais da contemporaneidade, pois suas práticas proporcionam um ensino eficiente, focado nas necessidades e interesses de cada aluno, de forma personalizada e combinada com a tecnologia.

Horn e Staker (2015) defendem que ensino híbrido é qualquer programa educacional formal onde um estudante aprende mediante a mistura entre ensino presencial e online, no qual os estudantes controlem seu tempo, lugar ou ritmo. Para Santaella (2010), a informação digitalizada é o alicerce do hibridismo tecnológico, fator que permite estocar e circular informação e ainda torná-la autônoma em relação aos meios de suporte e transporte.

Já Struchiner e Giannella (2018) avaliam que o hibridismo tecnológico na educação considera características relacionadas à consonância das TDIC na sociedade contemporânea. Nesse sentido, as autoras sugerem que não é mais possível dissociar as relações entre físico e virtual, espaço e tempo, assim como separar as diversas linguagens e suas mídias em processos educativos.

O ensino híbrido surge como alternativa para fazer com que os alunos usem as TDIC na busca do saber formal. Em uma sociedade participativa, onde todos são, ao mesmo tempo, consumidores e produtores de conhecimento e as mídias se convergem entre si, Jenkins (2009) destaca que a convergência não é apenas um processo tecnológico que une múltiplas funções nos mesmos aparelhos, mas um processo de transformação cultural no qual é possível identificar novos graus de participação dos usuários, novas ligações com conteúdos e novas orientações.

Assim, “o ensino é híbrido porque todos somos aprendizes e mestres, consumidores e produtores de informação e de conhecimento” (BACICH, TANZI NETO e TREVISANI. 2015, p. 28). Quando o aprendiz se envolve, de fato, em seu processo de aprendizagem, ele deixa de delegar sua aprendizagem somente ao desempenho do professor. A ideia é envolver o aluno no processo, é responsabilizá-lo e torná-lo ator principal de seu sucesso, da construção de seu saber, um ser autônomo.

No cenário da educação híbrida, corrobora-se com Moran (2015) no sentido de que os discentes podem participar de forma efetiva, trazendo suas experiências de vida para a sala de aula. O autor explica que as tecnologias proporcionam a adaptação no processo de ensino-aprendizagem em diferentes perfis de alunos, desde os mais proativos e rápidos aos passivos e lentos. Com efeito, é preciso estabelecer e incentivar a participação dos alunos em sala de aula, porquanto a participação infere positivamente na aprendizagem.

Antes de expor o conceito de sala de aula invertida, penso que há necessidade de mostrar os modelos de ensino híbrido. As propostas híbridas são apresentadas por Horn e Staker (2015) como concepções possíveis para o uso integrado das TDIC na cultura escolar contemporânea lembrando que, para promover a inserção das tecnologias em sala de aula, não é necessário abandonar o que já se conhece. “Pode-se aproveitar o ‘melhor dos dois mundos’” (BACICH; TANZI NETO e TREVISANI, 2015, p. 53).

Horn e Staker (2015) propõem quatro modelos:

1. Modelo de Rotação: os estudantes revezam as atividades realizadas de acordo com um horário fixo ou orientação do professor. As tarefas podem envolver discussões em grupo, com ou sem a presença do professor, atividades escritas, leituras e, necessariamente, uma atividade online.

1.1. Rotação por estação: permite que os alunos rotacionem através das estações em um horário fixo, no qual pelo menos uma das estações é de aprendizagem online.

1.2. Laboratório rotacional: permite que os estudantes rotacionem através das estações em um horário fixo. No entanto, neste caso, a aprendizagem online ocorre em um laboratório de informática. Este modelo permite acordos de horários flexíveis entre professores e outros profissionais, e permite que as escolas façam uso dos laboratórios de informática existentes.

1.3. Rotação individual: permite que os alunos rotacionem através das estações, mas em horários individuais definidos por um professor ou algoritmo de software. Ao contrário dos outros modelos de rotação, os estudantes não necessariamente rotacionam para cada estação; eles rotacionam apenas para as atividades programadas em suas listas de reprodução. 



1.4. Sala de aula invertida: inverte a relação tradicional entre o tempo de aula e o dever de casa. Os estudantes aprendem em casa através de cursos e aulas online e os professores usam o tempo de aula para práticas ou projetos orientados. Este modelo permite que os professores usem o tempo de aula para debates e construção de conteúdo, não apenas aulas tradicionais.

2. Modelo Flex: permite que os estudantes se movam em horários fluidos entre as atividades. A aprendizagem online é a espinha dorsal da aprendizagem do estudante em um modelo flex. Os professores fornecem apoio e instrução numa base flexível, conforme a necessidade enquanto os estudantes trabalham através do currículo e do conteúdo do curso. Este modelo pode dar aos estudantes um alto grau de controle sobre sua aprendizagem.

3. Modelo a La Carte: os estudantes fazem um curso online com um professor online além de outros cursos presenciais, que muitas vezes proporcionam aos estudantes mais flexibilidade sobre seus horários. Os cursos a La Carte podem ser uma ótima opção quando as escolas não podem oferecer oportunidades de aprendizagem específicas, como cursos eletivos, tornando este um dos modelos mais populares em escolas secundárias híbridas.

4. Modelo virtual enriquecido: é uma alternativa a escolas online em tempo integral que permite que os estudantes concluam a maioria dos cursos online em casa ou fora da escola, mas frequentando a escola para sessões obrigatórias de aprendizagem presenciais com um professor. Ao contrário da sala de aula invertida, os programas em virtual enriquecido geralmente não exigem presença diária na escola, alguns programas podem apenas exigir a presença duas vezes por semana, por exemplo.

Destacamos, nessa postagem, a sala de aula invertida que, como o próprio nome sugere, é uma inversão da sala de aula 'tradicional' onde os conteúdos são expostos pelo professor na sala de aula e as atividades são enviadas para resolução em casa. Compreendemos que a sala de aula invertida é um modelo que pode ser trabalhado pelos docentes mesmo com a ausência de TDIC, todavia, nesse contexto, não se configura como ensino híbrido, mas como metodologia ativa.

Para Valente (2014), a sala de aula invertida é uma modalidade onde o conteúdo e as instruções são estudados de forma online (a distância). A ideia é que quando o aluno chegue a sala de aula ele já tenha algum conhecimento do conteúdo, tornando o espaço da sala de aula um ambiente de debates, discussões, resolução de problemas, trabalhos em grupo e atividades práticas. 

O autor ressalta que todo professor pode utilizar a metodologia da sala de aula invertida e, a medida que ganham experiência, criam cada vez mais "estratégias centradas nos estudantes ou centradas na aprendizagem, ao invés das aulas expositivas que costumavam ministrar" (VALENTE, 2014, P. 90). Consoante Valente (2014), a produção de material e o planejamento das atividades são fundamentais da implantação da sala de aula invertida.

O planejamento do professor, acerca de quais modelos de ensino híbrido, conforme destacam Horn e Staker (2015), entre sustentados (rotação por estações, sala de aula invertida e laboratório rotacional) e disruptivos (rotação individual, modelo flex, à la carte e virtual enriquecido), a serem aplicados em determinado grupo, além do desenvolvimento de materiais didáticos diversos pensados prioritariamente para a motivação e consequente participação do aluno no processo ensino-aprendizagem também favorece a aplicação desse modelo pedagógico. 


Horn e Staker (2015) pontuam que as escolas não tem outra escolha a não ser considerar a tecnologia, visto que os estudantes carregam seus aparelhos celulares para todos os lugares e utilizam quando e onde for possível. Assim, o ensino híbrido propõe mesclar atividades presenciais e online almejando uma aprendizagem significativa por meio da motivação dos alunos, alimentando diálogos, colaboração e interação.


Referências

BACICH, Lilian.; TANZI NETO, Adolfo.; TREVISANI, Fernando de Mello. (Orgs.) Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: Penso, 2015.

HORN, Michael; STAKER, Heather. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação. Tradução de Maria Cristina Gularte Monteiro; revisão técnica: Adolfo Tanzi Neto, Lilian Bacich. Porto Alegre: Penso, 2015.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência; tradução Susana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2009.

MORAN, José. Educação Híbrida: um conceito-chave para a educação, hoje. In BACICH, Lilian.; TANZI NETO, Adolfo.; TREVISANI, Fernando de Mello. (Orgs.) Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: Penso, 2015.

SANTAELLA, Lúcia. A ecologia pluralista da comunicação: conectividade, ubiquidade, mobilidade. São Paulo: Paulus, 2010.

STRUCHINER, Miriam. GIANNELLA, Taís Rabetti. Hibridismo tecnológico na educação. In. MILL, Daniel (org.). Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação à distância. Campinas: Papirus, 2018.

VALENTE, José Armando. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/nspe4/0101-4358-er-esp-04-00079.pdf> Acesso em: 27 de nov. 2019.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Interação, Interatividade e Interdisciplinaridade

Olá pessoal!!

No post anterior comentei com vocês que passei um tempo pensando em como fazer uma postagem diferente, fugindo do habitual 'textão'. Acho que porque sou jornalista gosto de texto... Vai saber...

Então, esse post será diferente dos outros. Organizei um Mapa Conceitual no Popplet sobre os conceitos de interação e interatividade, baseado nas leituras propostas em nosso último PBL, pelo colega Júlio Correia

Mas, esse mapa deve ser acessado pelo QR CODE abaixo: (aprendi com Cleber)





Além do mapa, encontrei um podcast da Ranny Scarllet que aborda a interação e interatividade na EAD. Vale a pena escutar:



Na tentativa de explicar o conceito de interdisciplinaridade, optei por postar um vídeo que achei esclarecedor, ele fala do assunto, relacionado aos jogos, mas considerei interessante. 



Por fim, vou deixar como sugestão, um vídeo que já postei em outra oportunidade, do professor Marco Silva, que trata da interatividade na educação. 




Espero que não tenha muita informação para um post só !!

Até breve!!

Referências bibliográficas:

PIMENTEL, Fernando Silvio Cavalcante. Interação on-line: um desafio da tutoria. Maceió: EDUFAL, 2013.

PRIMO, Alex. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007. Conexão-Comunicação e Cultura, v. 7, n. 14, 2008.

SALLES, Mariluce. Interação e interatividade em educação. Revista Linha Direta. Disponível em: <https://linhadireta.com.br/publico/images/pilares/11bqxunnpm2t.pdf>. Acesso em 18 de nov. 2019.




Sobre nosso último PBL.....



Fonte: internet
Olá pessoal !!

Confesso a vocês que passei a noite de ontem pensando em como faria essa postagem. O objetivo é fugir do ‘meu habitual textão’.

Mas, antes de postar sobre interação, interatividade e interdisciplinaridade, preciso responder ao comentário que o professor Fernando Pimentel deixou no blog. Pimentel questionou quais as habilidades e competências que eu estou desenvolvendo com a disciplina.

Bem, lá vai....

Recentemente, ao definir os conceitos de colaboração e cooperação, o professor Pimentel cantarolou a música ‘ado, aado, cada um no seu quadrado’. Precisei relembrar a música para esclarecer que no nosso último PBL eu ‘saí do meu quadrado’.

Explicando melhor... Comecei a pensar em novas possibilidades para desenvolver durante minhas aulas - incluindo realidade aumentada e realidade virtual - apesar de, no momento, estar fora da sala de aula, a aprendizagem vale para a vida.

Aproveito a postagem, para agradecer aos colegas que me proporcionaram uma experiência de realizar operações matemáticas e andar de montanha russa virtualmente.  Nesse sentido, admito que ainda não me sinto competente para desenvolver realidade virtual e aumentada na minha prática em sala de aula, visto que preciso pesquisar mais possibilidades. Todavia somente o fato de começar a pensar em outros caminhos, para mim, já é uma experiência maravilhosa.

E vamos adiante...

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Realidade Aumentada e Realidade Virtual

Você sabe o que é RA e RV?

Neste post vamos tentar esclarecer esses conceitos. Mas, para tratar acerca de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA), torna-se necessário explicar a base para a discussão da temática: o conceito de virtual.

Levy (2003) explica que muitas vezes atrelamos o virtual ao real. Para muitos real é antônimo de virtual, todavia o autor defende que o virtual não se opõe ao real, mas ao atual. Nesse sentido, Levy exemplifica que a árvore está presente virtualmente na semente. “[...] virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes” (LEVY, 2003, p.15).

Tori e Hounsell (2018) concordam com Levy (2003) e expõem que o virtual existe em potencial. Os autores consideram que “virtual se refere a ambientes ou elementos que são sintetizados por meio de dispositivos digitais e que podem ser replicados de forma imaterial” (TORI e HOUNSELL,2018, p.14)

O texto de Tori e Hounsell (2018), apesar de ser de fácil compreensão é, ao mesmo tempo complexo quanto as definições do que eles consideram realidade virtual, todavia os autores citam Jerald (2015) “Realidade Virtual é definida como um ambiente digital gerado computacionalmente que pode ser experienciado de forma interativa como se fosse real.”

Ao ler tal conceito me veio a memória o longa ‘De Pernas pro Ar 3’, estrelado por Ingrid Guimarães, quando em umas das cenas ela visualiza, por meio de um óculos de realidade virtual, que está em um momento de romance com o ator Cauã Reymond.



Em contrapartida, realidade aumentada não ‘transporta’ o sujeito para um outro ambiente, como vemos no filme, ela conduz aspectos virtuais ao espaço considerado real, físico. A ideia é que elementos virtuais possam estar no mundo real de maneira natural, como se fizesse parte dele e, de fato, fazem.

Mais uma vez, voltei meus pensamentos para minha realidade e lembrei de livros de história infantil do SAS – plataforma de educação. O aplicativo do SAS lê o QR Code das páginas e as crianças podem interagir com os personagens do livro.



Mediante a interação com os personagens a aprendizagem alcança maior potencial, é o que defendem Tori, Kirner e Siscoutto (2016). Para eles, a RA e RV proporcionam novos modos de relacionamento entre alunos e professores , alunos e alunos e ainda alunos e conteúdos, propiciados pela mistura do real com o virtual. Por meio da interação, os estudantes potencializam sua aprendizagem. Assim, apesar de ainda ser considerada uma tecnologia cara e, de acordo com os autores, ainda não estar presente nos currículos escolares, a RA e RV têm ampla possibilidade de serem adotadas formalmente. “ [...] a medida que a tecnologia evolui e os educadores aprendem mais sobre como as pessoas aprendem através da interação com os ambientes virtuais” (Tori, Kirner e Siscoutto, 2016, p. 312), a RA e a RV serão vistas com mais frequência nas escolas.


Referências bibliográficas:

JERALD, Jason. The VR book: human-centered design for virtual reality. Morgan & Claypool, 2015.

LÉVY, Pierre. Que é o Virtual?, O. Editora 34, 2003.

TORI, Romero; HOUNSELL, Marcelo da Silva. Introdução a realidade virtual e aumentada / Romero Tori, Marcelo da Silva Hounsell, organizadores. Porto Alegre (RS) : SBC, 2018. Disponível em: http://www.de.ufpb.br/~labteve/publi/2018_livroRVA.pdf. Acesso em: 05 de nov. de 2019

TORI, Romero; KIRNER, Claudio; SISCOUTTO, Robson. Fundamentos e Tecnologia de Realidade Virtual e Aumentada. Romero Tori, Claudio Kirner , Robson Siscoutto editores – Belém – PA, Editora SBC, Sociedade Brasileira de Computação, Porto Alegre. 2016. Disponível em: http://www.ckirner.com/download/capitulos/Fundamentos_e_Tecnologia_de_Realidade_Virtual_e_Aumentada-v22-11-06.pdf. Acesso em: 05 de nov. de 2019